Tendências para o setor imobiliário em 2021: o teletrabalho

A pandemia Covid-19 veio para durar, como muitos previram. As dificuldades na produção e na logística de distribuição das vacinas, bem como a incógnita relativa à eficácia face às novas variantes do vírus, deixam no ar o sentimento de que vivemos o "novo normal" e muitos compradores do mercado imobiliário estão a antecipar respostas e a definir tendências, o teletrabalho é uma delas.

Teletrabalho uma tendência em alta

Esta é uma tendência que tem vindo a crescer desde há uma década, em linha com o desenvolvimento das ferramentas digitais e com o crescimento do emprego na área dos serviços. O e-mail, as vídeo conferências, os dispositivos eletrónicos como os smartphones e outros, facilitaram este caminho e "criaram" profissões que sobrevivem bem ao distanciamento social. O que antes era impensável, senão impossível: trabalhar a partir de casa, mantendo as reuniões com colegas de trabalho, clientes e fornecedores, hoje é uma realidade facilmente acessível a todos. A pandemia apenas acelerou o passo, num caminho que já se adivinhava desde há alguns anos. Para muitos que optaram pelo teletrabalho voluntariamente, ou foram forçados pela pandemia, concordam com ela e considerem-na um avanço sem retorno à vista!

O impacto do teletrabalho na realidade das empresas é grande:

  • VANTAGENS: menos custos em infraestrutura e em deslocações, mais agilidade e rapidez na execução de algumas tarefas, menos fatores de distração, maior motivação profissional, e maior flexibilidade face aos impedimentos pessoais tais como doenças do trabalhador ou dos filhos, gravidez, etc.
  • DESVANTAGENS também existem: dificuldades no controlo da produtividade do trabalhador, maior dependência da infraestrutura de internet e outras (com trabalhadores a viver em diversos locais, a probabilidade de existir uma falha no abastecimento, ou degradação da qualidade da infraestrutura elétrica e de comunicações, aumenta), distanciamento humano e social que as tecnologias não conseguem colmatar na integra, etc.

Para os trabalhadores, dependentes ou liberais, também existem impactos, tais como:

  • As DESVANTAGENS podem ser: mais despesas associadas aos serviços de suporte ao teletrabalho, dificuldade em gerir o horário de trabalho com impacto na saúde mental e familiar, excesso de reuniões virtuais com perda de produtividade, ausência de espaços adequados ao teletrabalho e que facilitem a concentração, risco de burnout por excesso de tempo de trabalho, etc.
  • Só que as VANTAGENS, continuam a atrair mais profissionais que já não querem regressar ao "antigo" normal": menos tempo gasto em transportes e deslocações, a sensação de maior liberdade e flexibilidade na gestão da agenda pessoal, mais tempo para assistência à família ou atividades pessoais tais como desporto, menos desgaste na relação com chefias e colegas de trabalho, poupança em diversas despesas tais como refeições e transportes, alimentação mais saudável etc.

Impacto do teletrabalho no setor imobiliário

Impacto do teletrabalho no setor imobiliário

Desde Março de 2020 que esta tendência revolucionou a vida de muitos portugueses. Se a somarmos ao ensino remoto dos seus filhos, percebe-se porque é que a sua casa e as suas características, passaram a ser a primeira prioridade na vidas de muitos portugueses.

1 - Tendência para a aquisição de terrenos ou lotes para construção

A opção pelo teletrabalho, trouxe de imediato um aumento da procura por terrenos ou lotes para construção. Tal reforça a importância dos profissionais que trabalham no setor imobiliário em diversificarem o seu portfolio de imóveis. Essa necessidade veio acompanhada de uma descentralização da procura: o centro das cidades deixou de ser uma prioridade, para quem no limite se desloca uma ou duas vezes ao escritório da empresa, ou nenhuma. Lisboa e Porto sofreram um aumento exponencial dos preços das habitações nos últimos 4 anos, por outro lado os terrenos para construção de moradias são inacessíveis no centro das cidades.

Para muitos, deslocalizarem-se para a periferia, a 50 ou 100 km de distância, passou a ser uma opção não só necessária mas desejável. Construir uma casa de raiz, que responda às novas necessidades, a um preço mais baixo do que adquiri-la em zonas mais inflacionadas, ao mesmo tempo que desenvolvem um projeto de acordo com o seu gosto pessoal, passou a ser o novo luxo.

2 - Tendência para a compra de moradias

Para o segmento do mercado comprador que não consegue atingir o patamar anterior, seja porque os custos de construção aumentaram muito nos últimos anos, seja porque o tempo de espera para o projeto e construção pode ser superior a 2 anos, as moradias ascenderam ao topo das preferências. Para as famílias, apostar em espaços maiores, que permitam complementar o teletrabalho com zonas de lazer e maior movimentação é uma prioridade. A procura por moradias vem acompanhada dos requisitos habituais: jardim, piscina, terraços ou alpendres, etc.

3 - Tendência para a compra de apartamentos mais espaçosos e em condomínios

Mas as opções anteriores nem sempre são as mais desejadas por alguns compradores. Questões como a segurança ou o conforto proporcionado por um condomínio de apartamentos pesam na hora de decidir. Os últimos anos trouxeram um aumento da construção de nova oferta residencial, proporcionada por empreendimentos ou condomínios de apartamentos, que dão resposta às necessidades trazidas pelo teletrabalho.

Mais uma vez, a necessidade de mais espaço interior e exterior é o fator que espoleta o gatilho da mudança. Varandas amplas e terraços são um fator prioritário na hora de escolher um novo apartamento. As Penthouses estão na primeira linha da procura. Por outro lado, o teletrabalho trouxe a necessidade de mais uma divisão: o escritório. Quem vive num apartamento de tipologia T2 quer um T3 e assim por adiante.

A somar a tudo isto, os condomínios proporcionam espaços ajardinados e oferta de serviços complementares, como espaço de ginásio, piscina coletiva, sauna e banho turco, bem como zonas de lazer, que atraem compradores nacionais e estrageiros, com especial destaque para o mercado brasileiro.

Conclusão

O ano de 2020 foi um ano que colocou à prova o setor da mediação imobiliária: o número de transações baixou, as tipologias com maior procura mudaram, o tempo de venda por imóvel aumentou, mas como dizia no principio de 2020: "Um mar calmo nunca fez um bom marinheiro..." e após a tempestade vem sempre a bonança!

O mercado imobiliário em Portugal conseguiu sobreviver a 2020 e está preparado para os novos desafios do teletrabalho e outros, que o 2021 vai de certeza colocar. O investimento imobiliário não parou, e continuamos sob os holofotes dos investidores estrangeiros, que aguardam apenas a retoma das linhas aéreas e a redução dos confinamentos para investir no nosso país. Sejamos positivos!

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