E agora? 2020 irá superar 2019?

No que me diz respeito, e em cada ano que se inicia, prefiro centrar-me no presente e não me desfocar com conjeturas acerca do futuro ou deslumbrar-me perante os resultados do passado. Regressada de Vilamoura, da Family Reunion da Keller Williams em Portugal, impõe-se algum balanço perante os resultados que alcancei em 2019.

Fui mais uma vez premiada como a consultora individual que mais se destacou em 2019, a exemplo dos últimos 3 anos, e desta vez com a distinção de Tripla Platina. Na KW, em Portugal e arrisco-me a afirmar, no resto do mundo (mais de 42 países, exceto E.U.A. e Canadá) terá sido a primeira vez que este patamar foi atingido por um solo agent, ou seja um consultor(a) imobiliário que lida diretamente com os seus clientes, sem ter de o fazer através de uma equipa.

5ª edição da Family Reunion da KW Portugal

Como foi possível este resultado em apenas 4 anos? No meu primeiro ano de atividade na Keller Williams e no ramo imobiliário, fui contemplada com o melhor resultado que um consultor pode aspirar: não vender nada, ou quase nada :) E porquê? Porque esse é o ano em que tudo pouco se aposta e tudo se decide! Normalmente começa-se em paralelo com outras atividades ... entrar neste ramo profissional não deixa de ser um grande salto para o desconhecido. Ou vencemos o natural impulso para desistir - quando confrontados com os primeiros obstáculos - ou nos focamos ainda mais na estratégia planeada, trabalhamos com mais afinco e lutamos ainda com mais resiliência. Foi o que fiz em 2016. Daí para a frente, a profecia do Cristiano Ronaldo, quando indagado sobre a sua falta de resultados na selecção de Portugal, concretizou-se: “Não estou nada preocupado. Os golos são o como ketchup: quando aparecem, é tudo de uma vez”.

Ana Mação - Evolução do GCI (Gross Commission Income) desde 2016 a 2019

E assim foi! Em 2017 e 2018 fui Dupla Platina e em 2019 obtive a Tripla Platina, destacando-me como a consultora Nº 1 no Top Individual da KW em Portugal!

Tudo isto aconteceu enquanto o volume de negócios crescia de forma consistente e alinhado com o bom momento que se tem vivido na atividade imobiliária em Portugal.

2019, um ano chave para a KW Portugal

O ano transato confrontou a KW de Portugal com desafios que normalmente abanam qualquer empresa e colocam à prova os seus profissionais, e os fazem crescer ou afundar perante as dificuldades. Em Abril/Maio do ano passado, uma parte significativa dos seus associados decidiu iniciar um novo desafio, criando uma nova marca portuguesa de franchising imobiliário, a Zome. Saíram Market Centers já implantados há algum tempo no Norte, Centro e em Lisboa e muitos consultores imobiliários que neles trabalhavam. Mas em escassos 8 meses a KW Portugal deu continuidade à sua trajetória de sucesso: hoje já possui mais Market Centers do que na altura, 26, e conquistou novas regiões. Apesar da perda de profissionais então ocorrida é previsível que em 2020 o número de associados venha a superar o de então.

Desta prova de fogo a KW saiu-se muito bem! À desunião sucedeu uma equipa mais coesa de profissionais e um ambiente que privilegia o foco, tão importante para o sucesso individual e coletivo! Ora este estado de espírito é fundamental para enfrentar os desafios que se adivinham numa atividade profissional que sofre um desgaste permanente proveniente de outros setores, cuja intenção passa por "uberizar" e canibalizar esta industria, nomeadamente as Fintech.

E o que espero para 2020?

No ramo imobiliário e nos últimos 4 anos habituámo-nos a que cada ano supere o anterior em termos de crescimento do volume de negócios. Todos sabemos que esta tendência não irá durar para sempre. Mas também existe algo que os investidores que apostam nos ativos imobiliários sabem: é que apesar dos ciclos económicos, a médio-longo prazo, nunca têm prejuízo ... desde que saibam esperar pelo melhor momento para comprar e para vender. É por isso que o imobiliário continua a atrair investidores que privilegiam a segurança e ganhos a médio-logo prazo, em detrimento de ganhos mais rápidos.

E 2020 será um bom ano para comprar? E para vender? O mercado continua em alta e vai continuar, apesar de se esperar alguma desaceleração graças a vários fatores:

  • Depois da forte dinâmica observada nos últimos 4 anos, a escassez de produto será uma realidade em 2020, apesar do crescimento esperado da oferta de construção de novas casas. Mas com prazos que nunca são inferiores a 3 anos, entre o início do projeto e o términos da construção, este crescimento será insuficiente para responder à forte procura. Ou seja, continuará a ser um bom momento para comprar, mas com cautela e discernimento, uma vez que o risco será maior.
  • Prevejo que a procura continuará em alta, alavancada pelo interesse dos compradores internacionais que continuará a afluir a Portugal, para investir ou para residir. O que tem sido fantástico é que, enquanto esta procura tem decrescido nalgumas origens geográficas, tem crescido noutras. No presente, os compradores brasileiros, norte-americanos e ingleses, estão a compensar o decréscimo previsível de compradores da China, Angola e do Centro e Norte da Europa. Tal como antes aconteceu com outras regiões. Mas, as mudanças previstas no O.E. de 2020, fazem antever algum arrefecimento deste afluxo. As limitações que irão ser impostas ao Visa Gold e aos benefícios fiscais de que os residentes oriundos do Espaço Schengen têm usufruído, terão um impato significativo no cenário atual. Por outro lado, a penalização fiscal e os limites ao Arrendamento Local também contribuirão para penalizar o mercado imobiliário; não prevejo contudo que estes fatores resolvam o problema de fundo que é a falta de oferta para a procura de casas registada nos últimos anos.
  • Por outro lado, Portugal já não é o único "país da moda" em termos de investimento por parte dos Fundos Imobiliários, estes têm agora novos rumos, alguns estão a sair enquanto outros estão a entrar. Apesar de tudo, Portugal continua na crista da onda e existem novos desafios tais como os REITs (Real Estate Investment Funds) recentemente aprovados no nosso país, ou Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI), como se designam em Portugal, que adquirem direitos sobre imóveis com o objetivo de os arrendar. Os REITs tiveram um desempenho muito positivo na dinamização do mercado imobiliário na nossa vizinha Espanha.

Enfim, mais um ano em que todos teremos que dar tudo por tudo, para sobreviver e para vencer! Mas este é o cenário que os mais de 50.000 profissionais do ramo imobiliário habitualmente já conhecem. Nada é adquirido, tudo é conquistado e com muito trabalho!

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