O crescente aumento do preço por metro quadrado das casas nos grandes centros urbanos e respetivas zonas históricas, está a condicionar a procura e a deslocar a atividade imobiliária e a construção de imóveis para a periferia de Lisboa e Porto.
A valorização das casas localizadas no centro destas cidades é fruto do crescimento do turismo, do consequente aumento da atividade do arrendamento local e da procura por parte de estrangeiros de casas para comprar, beneficiando assim dos programas Golden Visa ou do Regime Fiscal para Residentes não Habituais.
Esta deslocação para os arredores de Lisboa não é alheia às dificuldades crescentes do estacionamento automóvel e dos custos associados.
Construção debatida no "Observatório: O Imobiliário em Portugal"
Nesta conferência organizada pelo Jornal de Negócios, Luís Lima o presidente da APEMI - Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, afirmou que:
Posso dizer que na semana passada foi feita uma transação no centro do Porto (...) ao preço mais alto de metro quadrado de Portugal. O que não pode ser: não é bom para quem vendeu, nem para quem comprou, até porque isso vai ter repercussões nas transações ao lado, o que é perigoso.
Agora precisa-se de construção nova em algumas zonas, porque já não chega a reabilitação, até para tentar o equilíbrio de preços.
Este orador considerou que os preços dos imóveis praticados na periferia de Lisboa e Porto "começam a ser apetecíveis" e defendeu o crescimento da construção de novos imóveis para estas zonas periféricas, com preços mais acessíveis, como uma das soluções para este problema.
Outro orador, Ricardo Sousa CEO da Century 21 Iberia, afirmou que:
A cidade de Lisboa está a ficar desajustada para aquilo que é o rendimento disponível dos portugueses. Não queremos tocar no que funciona e é bom para a cidade e para o país que é o turismo e alojamento local
Por outro lado Manuel Puerta da Costa, administrador executivo do BPI Gestão de Ativos disse que:
Um dos motivos que contribui para o facto de haver mais transações de casas está relacionada com o facto de os bancos estarem mais disponíveis para emprestar. Não se vai fazer crédito à habitação à escala do ano passado mas os bancos estão mais “amigos” dos consumidores.
Ou seja, as atuais condições favoráveis ao crescimento do mercado imobiliário, fazem prever que a aposta nos arredores das grandes urbes será a próxima etapa para os investidores imobiliários, beneficiando de preços mais baixos e de uma maior valorização do seu investimento.